quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Compulsão alimentar


A obesidade é um importante problema de saúde pública, tendo em vista sua alta prevalência, a dificuldade no controle e o elevado índice de recidiva. O transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) ou Binge Eating Disorder é o transtorno mais observado na obesidade.

     Trata-se de um comportamento alimentar caracterizado pela ingestão de grande quantidade de comida em um período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come. Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios devem ocorrer pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso.

        Em alguns estudos, os portadores de TCAP apresentaram baixos relatos de dietas restritivas quando comparados a pacientes com bulimia nervosa (BN), que alternam entre compulsões e restrições alimentares. Os episódios compulsivos variam quanto à hora em que costumam ocorrer com perda de controle, a hora sem esta perda e/ou perda de controle sem o consumo de uma grande quantidade de alimentos.

            Além disso, a compulsão alimentar também é acompanhada por sentimentos de:
 
  • Angústia
  • Vergonha
  • Nojo
  • Culpa

Alguns autores afirmam que um comedor compulsivo abrange no mínimo dois elementos: o subjetivo (a sensação de perda de controle) e o objetivo (a quantidade do consumo alimentar). Há um consenso geral no aspecto subjetivo da compulsão para seu diagnóstico, contudo, há controvérsias em relação ao aspecto objetivo, quanto ao tamanho e à duração de uma compulsão.

      O TCAP pode ser distinguido da BN em alguns pontos. Os portadores de TCAP costumam apresentar índice de massa corporal (IMC) superior aos portadores de bulimia nervosa.  Além disso, a história natural da BN geralmente revela a ocorrência de dietas e perda de peso, enquanto que os comportamentos prévios do TCAP são mais variáveis. Assim, pacientes com BN mostram maiores níveis de restrição alimentar comparados aos portadores de TCAP.

Há evidências de que pacientes com TCAP ingerem significativamente mais alimentos do que as pessoas obesas sem compulsão alimentar. O TCAP pode ocorrer em indivíduos com peso normal e indivíduos obesos. A maioria tem uma longa história de repetidas tentativas de fazer dietas e sentem-se desesperados acerca de sua dificuldade de controle da ingestão de alimentos. Alguns continuam tentando restringir o consumo de calorias, enquanto outros abandonam quaisquer esforços de fazer dieta, em razão de fracassos repetidos. Em clínicas para o controle de peso, os indivíduos são, em média, mais obesos e têm uma história de flutuações de peso mais acentuada do que os indivíduos sem este padrão.

      Em termos dos componentes psicológicos do transtorno, os pacientes com TCAP possuem auto-estima mais baixa e preocupam-se mais com o peso e a forma física do que outros indivíduos que também possuem sobrepeso sem terem o transtorno.

            A depressão, sensação de fracasso e ansiedade são co-morbidades psíquicas em até 70% dos casos. Também pode ocorrer abuso de álcool e drogas.

Os exames laboratoriais não têm nenhum valor para rastreamento da compulsão, dando frequentemente normais e criando a falsa ilusão ao paciente de que ele não tem nada e está ótimo. 

A compulsão alimentar pode ocorrer em certas doenças como as genéticas (Prader-Willi), convulsões de lobo temporal do cérebro, doenças degenerativas do sistema nervoso como Alzheimer, e lesões da glândula chamada hipotálamo. Quando existem "pistas", elas devem ser investigadas e devidamente afastadas. Assim, por exemplo, se uma senhora de 80 anos começar a ter compulsão, deverá ser investigada.

Devido à condição multifatorial do TCAP, o tratamento baseia-se na presença ou não de comorbidades psiquiátricas ou clínicas e deve ter caráter interdisciplinar, com a equipe mínima composta por psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Para pacientes com TCAP sem associação com outros transtornos psiquiátricos, como quadros depressivos e/ou ansiosos, ou comorbidades clínicas (obesidade, diabetes mellitus, hipertensão, entre outros), o tratamento de escolha é o psicoterápico.


O tratamento deve ser dirigido para a diminuição e remissão dos episódios de compulsão alimentar e o restabelecimento das atitudes alimentares e a melhora da relação com os alimentos e com o corpo. O excesso de peso deve ser abordado durante o tratamento, mas não deve ser seu foco e a prescrição de dietas e cardápios é desencorajada.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Azevedo, AP de; Santos, CC dos; Fonseca, DC da. Transtorno da compulsão alimentar periódica. Rev. Psiquiatria Clínica. Disponível em: www.hcnet.usp.br Acessado em: 16/02/2013.

Compulsão alimentar. Disponível em: www.hospitalsiriolibanes.org.br Acessado em: 16/02/2013.

Cortez, CM; Araújo, EL de; Ribeiro, MV. Transtorno de compulsão alimentar periódico e obesidade. Arq Catarinense de Medicina, 2011, v.40, n.1: p. 94-102.

Petribu, K. et al. Transtorno da compulsão alimentar periódica em uma população de obesos mórbidos candidatos a cirurgia bariátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife-PE. Arq Bras Endocrinol Metab, 2006, v.50, n.5: p. 901-908.

Psicolaro, F; Cozer, C. Transtorno da compulsão alimentar periódica. Rev Abeso, 2010, v. 43, n.43.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cereais



            Cereais são alimentos de origem vegetal, constituídos de grãos e largamente consumidos pelos povos do mundo todo. O nome cereal deriva de Ceres, a deusa grega da agricultura e da colheita. Os principais cereais cultivados, arroz, trigo, milho, aveia, centeio, cevada e triticale (cereal híbrido, proveniente do cruzamento entre trigo e centeio), são muito consumidos por fazerem parte do hábito alimentar de diversos povos; pela facilidade de cultura, conservação, transporte e rendimento; por serem de baixo custo; pelo alto valor nutritivo e pela grande variedade de formas de utilização.

            Os cereais são excelentes fontes de carboidrato e energia (cada grama de carboidrato fornece 4 kcal. Mais informações, vide post carboidratos) contendo, também, proteína e vitaminas como tiamina, riboflavina e niacina. Os integrais, além destes nutrientes, são ricos em fibras, minerais (principalmente ferro) e possuem um maior teor de tiamina. No entanto, os cereais são deficientes em aminoácidos, lisina, treonina e triptofano. Tal deficiência pode ser compensada com a combinação de alimentos (vide post arroz e feijão).

Formas de consumo

            Os cereais podem ser consumidos “ao natural”, cozidos ou em preparações, sob a forma de farinhas:

● “ao natural”: cereais matinais, aveia em flocos, tabule, entre outros;
● cozidos: arroz cozido, milho cozido;
● preparações: pães, biscoitos, macarrão e outras massas.

            No quadro abaixo, apresentam-se as formas de consumo e as preparações mais comuns para diferentes cereais.

Quadro 1. Tipos de cereais, formas de consumo e preparações.

Cereal
Consumo direto
Preparações
Milho (espiga)
(Cozida ou assada), em conserva, grãos refogados, ingrediente de recheio e de cremes.
Doces: canjica, pamonha, curau, sorvete, pipoca doce, pães, bolos, mingaus, biscoitos, docinhos.
Salgadas: cuscuz, pipoca salgada, creme de milho, polenta, saladas, snacks, petiscos.
Arroz
Acompanhamento
Doces: arroz-doce e mingaus, bolos.
Salgadas: baião-de-dois (arroz com feijão), arroz carreteiro, bolinho de arroz, risoto, sopa.
Bebidas: aguardente e saquê.
Trigo (farinha de trigo)

Doces: bolos, massas para tortas doces, pão-de-ló, biscoitos.
Salgadas: pizzas, tortas, pães, bolinhos.
Trigo para quibe
Tabule (salada)
Salgadas: massa para pizza, torta e quibe.
Trigo (farelo, germe)
Adicionado a frutas picadas, para fazer vitaminas.
Doces: bolos, vitaminas.
Salgadas: pães.
Aveia
Grãos, farinhas, flocos finos adicionados ao leite ou a frutas picadas/amassadas/mel.
Doces: mingau, biscoitos, bolos, cremes.
Salgadas: pão, sopa, torta.
Centeio (farinha)

Doces: bolo, biscoito.
Salgadas: pão, torrada.
Bebidas: uísque, vodca e álcool.
Cevada

Bebidas: cerveja (malte) e infusão (semelhante ao café).
Salgadas: cozida, sopas, pão (natural).
Triticale

Salgadas: uso combinado com a farinha de trigo na fabricação de pães.
Fonte: Philippi, ST.


Estrutura dos grãos

            Os grãos possuem estruturas distintas (casca, película, endosperma e germe) e apresentam valores nutritivos diferentes (Quadro 2).

Quadro 2. Estrutura do grão dos cereais e respectivos nutrientes.

Partes
Nutrientes
Casca e películas envolventes (pericarpo)
Celulose, minerais e vitaminas
Endosperma
Amido, proteínas de baixo valor biológico
Germe
Fonte de gordura, proteína de baixo valor biológico, vitaminas lipossolúveis.
Fonte: Philippi, ST.

            O beneficiamento dos cereais consiste na retirada da casca, das películas e do germe, restando o amido e as proteínas de baixo valor biológico (vide post proteínas).

            A semolina e a sêmola são farinhas extraídas da parte intermediária entre o envoltório e o centro do cereal, apresentam aspecto mais grosseiro que a farinha e possuem grande quantidade glúten (proteína presente no trigo, aveia, cevada e centeio responsável pela elasticidade na produção de pães), sendo ideais para fabricar macarrão e massas.

         Por possuírem maior valor nutritivo, deve-se dar preferência ao consumo de cereais integrais e de produtos industrializados elaborados a partir dos mesmos.

           Os grãos contêm na sua composição cerca de 70% de carboidrato. Além da presença de carboidratos complexos (vide post carboidratos), nutrientes importantes para uma alimentação saudável são compostos por proteínas e vitaminas do complexo B e outras vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais (vide post lipídios) e fibras alimentares. Por exemplo, uma alimentação rica em ácido fólico, ou vitamina B9, protege a integridade do tubo neural durante o desenvolvimento nos primeiros meses de vida intra-uterina, evitando má-formação da medula espinhal da criança e anencefalia.

           Pode-se enriquecer os cereais (grãos e farinhas) após o beneficiamento, por meio de adição de certos nutrientes; por exemplo, às farinhas, podem-se adicionar vitaminas do complexo B (B1, B2) e minerais, como o ferro.     

Armazenamento

          Os cereais devem ser armazenados em local seco e arejado, sem receber luz solar, à temperatura ambiente, em estrados de madeira e livres de insetos e roedores.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.



Referências Bibliográficas:

Guia Alimentar para a População Brasileira, 2006. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/guia_conheca.phpAcessado em: 10/01/2013

Phillippi, ST. Cereais, Massas e Pães. Nutrição e Técnica Dietética. 1 ed. Manole: Barueri,SP, 2003. p.37-56.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Síndrome Metabólica


A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de gordura e a resistência à insulina. É importante destacar a associação da SM com a doença cardiovascular, aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes.

A Síndrome Metabólica caracteriza-se pela associação, num mesmo indivíduo, de dislipidemia, diabetes melito tipo 2, ou intolerância à glicose, hipertensão arterial e excesso de peso ou obesidade. Interligando estas alterações metabólicas está a resistência à insulina (hiperinsulinemia), daí também ser conhecida como síndrome de resistência à insulina.

Segundo National Cholesterol Education Program (NCEP)-ATP III, a SM representa a combinação de pelo menos três componentes dos apresentados no quadro 1.

Quadro 1. Componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP III.
Componentes                                                                                            Níveis
Obesidade abdominal por meio de circunferência abdominal
Homens                                                                                                      > 102cm
Mulheres                                                                                                     >  88cm
Triglicerídeos                                                                                             ≥ 150mg/dL
HDL-colesterol
Homens                                                                                                       < 40mg/dL
Mulheres                                                                                                      < 50mg/dL
Pressão arterial                                                                  ≥ 130mmHg ou ≥ 85mmHg
Glicemia de jejum                                                                                      ≥ 110mg/dL

A presença de Diabetes Mellitus não exclui o diagnóstico de SM.
Fonte: I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM).

            Apesar de não fazerem parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, várias condições clínicas e fisiopatológicas estão frequentemente a ela associadas, tais como: síndrome de ovários policísticos, acanthosis nigricans (condição dermatológica caracterizada por espessamento, hiperpigmentação e acentuação das linhas da pele, gerando aspecto grosseiro e aveludado no local afetado), doença hepática gordurosa não alcoólica (vide post sobre esteatose hepática), microalbuminúria (um aumento da excreção urinária de albumina acima de 20 µg/min e menor do que 200 µg/min), estados pró-trombóticos, estados pró-inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia (excesso de ácido úrico no sangue).

            Evidências indicam que, na maioria dos países, entre 20 e 30%, a população adulta apresenta a SM. Nos Estados Unidos, a prevalência de SM, em crianças e adolescentes com sobrepeso, é de 6,8%; e, com obesidade, é de 28,7%. Não foram encontrados estudos sobre a prevalência da síndrome metabólica com dados representativos da população brasileira. No entanto, estudos em diferentes populações, como a mexicana, a norte-americana e a asiática, revelam prevalências elevadas da SM, dependendo do critério utilizado e das características da população estudada, variando as taxas de 12,4% a 28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres.

              Os idosos são o grupo da população com maior prevalência de eventos cardiovasculares, logo, identificar a prevalência de SM entre eles adquire grande importância para medidas de controle de risco. Além disso, existe um maior risco para déficits cognitivos entre os portadores da síndrome, em especial quando a glicemia é um dos componentes da SM. Também ocorre um risco duas vezes maior para a depressão entre mulheres com SM, conforme o critério do NCEP revisado. Há escassez de dados relativos à nossa população quanto à prevalência da SM, em especial entre os idosos.

Prevenção Primária

            De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia (aumento do colesterol total circulante no sangue), ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo.

            A predisposição genética, a alimentação inadequada e a inatividade física estão entre os principais fatores que contribuem para o surgimento da SM, cuja prevenção primária é um desafio mundial contemporâneo, com importante repercussão para a saúde. Destaca-se o aumento da prevalência da obesidade em todo o Brasil e uma tendência especialmente preocupante do problema em crianças em idade escolar, em adolescentes e nos estratos de mais baixa renda. A adoção precoce por toda a população de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde, como alimentação adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é componente básico da prevenção da SM.

            A alimentação adequada deve:

● permitir a manutenção do balanço energético e do peso saudável;
● reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras, mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas (vide post lipídios), reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada);
● aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais;
● reduzir a ingestão de açúcar; reduzir a ingestão de sal (sódio) sob todas as formas.

            A atividade física é determinante do gasto de calorias e fundamental para o balanço energético e controle do peso. A atividade física regular ou exercício físico diminuem o risco relacionado a cada componente da SM e trazem benefícios substanciais também para outras doenças (câncer de cólon e câncer de mama).

            Baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência da SM em três a quatro vezes. O exercício físico reduz a pressão arterial, eleva o HDL-colesterol (bom colesterol) e melhora o controle glicêmico. Com duração mínima de 30 minutos, preferencialmente diário, incluindo exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, o exercício físico previne a SM em uma relação dose-efeito apropriada para o grupo etário.

            O tabagismo deve ser agressivamente combatido e eliminado, pois eleva o risco cardiovascular.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq Bras Cardiol, 2005, v.84, Suplemento I: p. 1-28.

Gross, JL. Microalbuminúria e a síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab, 2003,v. 47, n. 2:p.109-110.

Matos, AFG; Moreira, RO; Guedes, EP. Aspectos neuroendócrinos da síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab, 2003, v.47, n.4: p.410-421.

Penalva, DQF. Síndrome metabólica: diagnóstico e tratamento. Rev Med: São Paulo, 2008, v.87, n.4: p. 245-250.

Rigo, JC; Vieira, JL; Dalacorte, RR; Reichert, CL. Prevalência da síndrome metabólica em idosos de uma comunidade: comparação entre três métodos diagnóstico. Arq. Bras Cardiol, 2009, v.93, n.2: p. 85-91.

Santos, CRB; Portella, ES; Avila, SS; Soares, EA. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Rev Nutr, 2006, v.19, n.3: p.389-401.

Silva, CB da. Prevalência e tratamento dos fatores de risco da obesidade e síndrome metabólica. [Dissertação de Metrado] Presidente Prudente, 2010. Universidade Estadual Paulista – UNESP.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Aminoácidos




Entre os 21 aminoácidos essenciais, vários devem estar presentes na dieta para satisfazerem as necessidades do organismo, enquanto outros não; em conseqüência, a qualidade nutricional das proteínas pode ser determinada pelo tipo e pela quantidade de seus aminoácidos.

Os aminoácidos representam a unidade estrutural básica das proteínas, sendo que todas as proteínas são formadas a partir da ligação em seqüência de apenas 20 aminoácidos. A união de dois aminoácidos forma um dipeptídeo, três aminoácidos, um tripeptídeo, podendo uma proteína ter 400 ou mais aminoácidos. Os aminoácidos das proteínas se unem um ao outro em uma seqüência predeterminada geneticamente.


Alguns aminoácidos são classificados como essenciais porque sua síntese no organismo é inadequada para satisfazer as necessidades metabólicas e devem ser fornecidos como parte da dieta. Esses aminoácidos são: treonina, triptofano, histidina, lisina, leucina, isoleucina, metionina, valina, fenilalanina e, possivelmente, arginina. A ausência ou inadequada ingestão de alguns desses aminoácidos resulta em balanço nitrogenado negativo (perda de nitrogênio pelo organismo), perda de peso, crescimento menor em crianças e pré-escolares e sintomatologia clínica.

Os aminoácidos não-essenciais alanina, ácido aspártico, asparagina, ácido glutâmico, glicina, prolina e serina são igualmente importantes na estrutura protéica; no entanto, se houver deficiência na ingestão de um deles, ele poder ser sintetizado em nível celular a partir de aminoácidos essenciais ou de precursores contendo carbono e nitrogênio.


Aminoácidos conhecidos como condicionalmente essenciais são aqueles que podem ser essenciais em determinadas condições clínicas. É o caso da taurina, da glutamina, da cisteína e, possivelmente, da tirosina, que podem ser condicionalmente essenciais em crianças prematuras.
 
Não há reserva de aminoácido livres ou proteína no organismo; qualquer quantidade acima das necessidades para a síntese protéica celular e para a dos compostos não-protéicos, que contêm nitrogênio, será metabolizada.

Funções dos aminoácidos

            Quase todos os aminoácidos têm certas funções específicas no organismo, além de participarem da síntese das proteínas (vide post sobre proteínas). No quadro abaixo, destacamos os aminoácidos e suas respectivas funções.

Quadro 1. Funções dos aminoácidos.



Fenilalanina
É um aminoácido essencial usado para produzir diversos aminoácidos úteis.
Triptofano
É um aminoácido essencial usado para produzir diversos aminoácidos úteis.
Valina, Leucina e Isoleucina
Todos estes 3 aminoácidos são chamados aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA´s). Eles desempenham funções importantes no aumento das proteínas e atuam como fonte de energia durante os exercícios. (aminoácidos essenciais).
Metionina
É um aminoácido essencial que é usado para produzir diversas substâncias necessárias à nutrição, à resposta imunológica e à defesa contra agressões.
Treonina
É um aminoácido essencial usado para suplementação de proteínas de cereais.
Lisina
É um aminoácido essencial representativo e tende a ser insuficiente em dietas concentradas em trigo e arroz.
Glicina
É usado para produção da glutationa e porfirina, um componente da hemoglobina.
Prolina
É o principal componente do “colágeno”, que constitui a pele e outros tecidos. Atua como fonte de energia de rápida atuação.
Tirosina
É usado para produzir diversos aminoácidos úteis e é chamado aminoácido aromático, junto com a fenilalanina e o triptofano.
Serina
É usado para produção de fosfolipídios e ácido glicérico.
Cisteína
Sintetizado no organismo a partir do aminoácido metionina. Componente catalítico para muitas enzimas, contribui para a estrutura da proteína. Sua deficiência é comum em crianças, pois a capacidade de síntese não é suficiente.
Taurina
Sintetizada no fígado e no cérebro, a partir dos aminoácidos metionina e cisteína. Está envolvida em diversos processos biológicos, como inibição do estresse oxidativo, imunomodulação, diabetes, aterosclerose, osmorregulação e formação de sais biliares. Recém-nascidos e crianças necessitam de taurina exógena, pois há baixa atividade das enzimas necessárias para a sua síntese na infância. No adulto, devido a baixa atividade enzimática para a sua síntese, o cérebro necessita de taurina exógena.
Arginina
É um aminoácido necessário para manter as funções normais das vias sanguíneas e da resposta imunológica contra infecções.
Histidina
É um aminoácido essencial (recentemente, muitos cientistas a têm considerado como um aminoácido essencial) usado para produzir histamina (composto que causa vasodilatação no sistema circulatório) e outros componentes.
Glutamina
É um aminoácido necessário para manter as funções normais do trato intestinal e dos músculos, bem como da defesa imunológica.
Alanina
É um aminoácido importante que atua como fonte de energia para o fígado.
Ácido aspártico




Ácido glutâmico
Presente em grandes quantidades no aspargo. É uma fonte de energia de rápida atuação.
Presente em grandes quantidades no trigo e soja. É uma fonte de energia de rápida atuação.
Asparagina
É um aminoácido localizado próximo ao ciclo do Ácido Tricarboxílico (local de geração de energia) junto com o ácido aspártico.

Fonte: Gallo,LA. ESALQ/USP.

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Referências Bibliográficas:

Gallo, LA. Aminoácidos e proteínas. Disponível em: www.docentes.esalq.usp.br. Acessado em 25/11/2012.

Tirapegui, J. Nutrição: fundamentos e aspectos atuais. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 10-11.