domingo, 9 de agosto de 2015

Magnésio



         O nome é originário de Magnésia, que, em grego, designava uma região da Tessália, localizada na Grécia. O magnésio (Mg) é o principal cátion intracelular e indispensável em mais de 100 reações enzimáticas dependentes de ATP. É importante também no metabolismo de outros minerais como cálcio, ferro, zinco e no transporte do potássio.

            O conteúdo de magnésio corporal total é de aproximadamente 25g, sendo que 60% a 65% estão presentes nos ossos, que, assim como o músculo, constituem uma reserva desse mineral nas formas de fosfato e carbonato. O restante se localiza nos tecidos moles (27% no tecido muscular) e no interior das células. Em menor proporção (1%), encontra-se no plasma, sendo que o magnésio no fluido extracelular encontra-se 70% a 80% na forma livre ionizada (Mg+²), 20% a 30% ligado a proteínas e 1% a 2% complexado a outros ânions. O músculo contém maior teor de magnésio em relação ao cálcio, contrariamente ao que ocorre no sangue.

            Cerca de 45% do magnésio ingerido pela dieta é absorvido no intestino delgado, cólon e, em baixa proporção, no estômago. A ingestão de Mg está entre 5-20mmol (120-500mg/dia), sendo que 30-50% são absorvidos principalmente por uma mecanismo paracelular passivo. A proporção absorvida diminui com o aumento da ingestão. O restante (55%) é excretado pelas fezes. A presença de fosfato, álcalis, fibras, fitatos, álcool e o excesso de gordura podem dificultar a absorção de magnésio, enquanto a presença de lactose ou outros carboidratos, o hormônio da paratireóide (PTH) e a vitamina D estimulam sua absorção. Esta pode ocorrer por dois mecanismos: um processo facilitado por carreador ou difusão simples. Um total de 30% a 50% é absorvido via paracelular passiva, quando as concentrações intraluminais estão altas. Para que o magnésio entre nas células, é necessária a ação concomitante da vitamina B6 (piridoxina). Uma vez ali, o magnésio liga-se principalmente à proteína e aos fosfatos ricos em energia.

            A excreção pode ser por via fecal, urinária ou biliar. Pelas fezes, cerca de 50% a 80% do total é excretado. O balanço de magnésio é mantido pela regulação de sua excreção urinária. Os rins conservam boa parte, sendo que o Mg+² livre é filtrado no glomérulo e reabsorvido no túbulo proximal e na alça de Henle, eliminando-se cerca de 60 a 120mg/dia pela urina. Estados carenciais de magnésio corporal acompanham-se por aumento na reabsorção tubular, o inverso ocorrendo na hipermagnesemia. Situações de acidose facilitam a excreção tubular distal da forma iônica a fim de estabelecer o equilíbrio ácido-base. A aldosterona aumenta a permeabilidade renal para magnésio e potássio, aumentando a excreção de magnésio e a retenção de sódio. O PTH, a calcitonina e o glucagon estimulam a reabsorção renal de magnésio.

            Com o envelhecimento, o conteúdo total de magnésio no organismo tende a diminuir. Na idade adulta, o balanço diário de magnésio é, portanto, dependente da interação entre diversos tecidos, tais como intestino, rins, osso e tecidos moles com o líquido extracelular, por meio dos mecanismos de absorção, excreção, mineralização, desmineralização e transporte, mantendo sempre o magnésio dentro de uma faixa estreita de concentração no sangue. 




Função

            O magnésio atua na estabilização da estrutura do ATP e age como cofator para mais de trezentas enzimas do organismo. Também participa da síntese proteica e dos ácidos graxos e atua na transmissão e na atividade neuromuscular.

Fontes Alimentares

            O magnésio está amplamente distribuído nos alimentos, mas as principais fontes alimentares são as verduras (espinafre, acelga), já que faz parte da clorofila dos vegetais. Algumas sementes (de girassol e abóbora) e oleaginosas (amêndoa e castanha-do-brasil) são importantes fontes. Alguns legumes (alcachofra, beterraba e quiabo) e cereais integrais também contêm quantidades importantes desse mineral. 



Recomendações Nutricionais

            Os níveis séricos normais de magnésio varia numa faixa estreita, entre 1,5 e 2,1mEq/L (1,82 a 2,55mg/dL) em adultos; 1,4 a 1,9mEq/L (1,70 a 2,31mg/dL) em crianças e 1,5 a 2,3mEq/L (1,82 a 2,79mg/dL) em lactentes. Considera-se deficiência de magnésio quando sua concentração plasmática é menor que 1mEq/L (1,21mg/dL), geralmente com hipocalcemia e hipopotassemia concomitantes.

Quadro 1. Recomendações nutricionais para magnésio.

Grupos
Estágio de vida
Homens (mg/dia)
Mulheres (mg/dia)
1° ano de vida
0-6 meses
30 (AI)
30 (AI)
1° ano de vida
7-12 meses
75 (AI)
75 (AI)
Pré-escolar
1-3 anos
80
80
Escolar
4-8 anos
130
130
Escolar
9-13 anos
240
240
Adolescente
14-18 anos
410
360
Adulto
19-30 anos
31-50 anos
51-70 anos
> 70 anos
400
420
420
420
310
320
320
320
Gravidez
≤ 18 anos
19-30 anos
31-50 anos
-
-
-
400
350
360
Lactação
≤ 18 anos
19-30 anos
31-50 anos
-
-
-
360
310
320
Fonte: Philippi, ST. 2008

            A deficiência de magnésio pode acarretar irritabilidade muscular, arritmias cardíacas e tetania devido ao fato de sua função ser a de estabilizar a estrutura de ATP nos músculos e a falta de magnésio pode provocar relaxamento muscular. Geralmente está associada a síndromes de má-absorção ou ao aumento da excreção renal. A deficiência pode ter um papel importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares como hipertensão e aterosclerose, uma vez que a deficiência pode causar vasoconstrição.

Toxicidade

            Com o aumento moderado nos níveis de Mg no plasma, os sintomas mais frequentes são náuseas, vômitos, hipotensão, bradicardia, sonolência, dupla visão e fraqueza. Esses efeitos colaterais ocorrem com concentração plasmática de Mg de 3,5 a 5mmol/L. Em virtude do maior envolvimento do Mg nas funções neurológicas, os níveis elevados no plasma, sobretudo devido a infusões intravenosas, podem causar efeitos adversos, tornando-se muito graves. Em doses muito altas, pode ocasionar diminuição da respiração, fraqueza muscular marcante e parada cardíaca.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Mafra, D; Cozzolino, SMF. Magnésio. In: Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade dos nutrientes. 1. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2005.

Martins, BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.

Monteiro, TH; Vannuchi, H. Magnésio. São Paulo: ILSI Brasil-International Life Sciences Institute do Brasil, 2010.

Philippi, ST; Jaime, PC; Ferreira, CM. Grupo das Frutas e dos Legumes e Verduras. In: Philippi, ST. Pirâmide dos Alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 1. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2008.

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