terça-feira, 17 de novembro de 2015

Selênio



          O nome selênio vem do grego selene, que significa lua. Este nome foi eleito porque este elemento tem características químicas semelhantes ao telúrio, que em grego significa terra.

            Há duas formas de compostos de selênio na natureza: a orgânica e a inorgânica. Vegetais absorvem o selênio em sua forma inorgânica a partir do solo, a qual é convertida para a forma orgânica, gerando compostos metilados de baixo peso molecular, além de selenometionina e selenocisteína. A selenometionina é a principal fonte de compostos de selênio presente em produtos vegetais como grãos, legumes e leguminosas. Ainda, a selenometionina é o principal precursor para a síntese de selenocisteína, a forma mais abundante em produtos de origem animal. Há também a selênio-metilselenocisteína. O selenito e o selenato são as principais formas de compostos inorgânicos de selênio, encontrados basicamente em suplementos, visto que em alimentos a quantidade é extremamente baixa. As diferentes formas do mineral são responsáveis por sua biodisponibilidade e distribuição tecidual.

            As principais funções atribuídas ao selênio incluem a capacidade antioxidante, a participação na conversão do T4 (tiroxina) em T3 (triiodotironina); a proteção conta a ação nociva de metais pesados e xenobióticos, a redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis e o aumento da resistência do sistema imunológico.

Fontes de Selênio

            O homem obtém selênio por meio de alimentos, suplementos, água e ar. Porém, a principal fonte é a alimentação. A quantidade de selênio contida em alimentos, água e ar reflete a concentração de selênio no solo, portanto pode ser muito heterogênea em um mesmo tipo de alimento se este for proveniente de áreas diferentes.

            Alimentos como a castanha do Brasil e o rim bovino são considerados as melhores fontes de selênio. Carne bovina, frango, peixe e ovos, além de serem ricos em proteínas, também apresentam quantidades importantes de selênio e em muitos países são a principal fonte alimentar do mineral. Leite e derivados também podem fornecer boas quantidades do mineral, dependendo da espécie animal e do conteúdo de gordura, sendo que o leite de vaca e aqueles com maior quantidade de gordura apresentam as menores concentrações. Frutas e verduras em geral são pobres em selênio, com exceção daqueles vegetais denominados “acumuladores” de selênio, como alho, mostarda-indiana, brócolis, couve-de-bruxelas, couve-rábano,couve-flor, repolho, cebola e alguns cogumelos, os quais podem fornecer quantidades importantes do mineral quando consumidos adequadamente. O levedo de cerveja também pode ser classificado como fonte de selênio. Em regiões com solos que apresentam quantidade suficiente de selênio, o trigo é uma boa fonte do mineral, e, por consequência, o consumo de pães e cereais pode contribuir com a ingestão de selênio.

            A absorção do mineral é considerada elevada, variando entre 70% e 95%. Em carnes, a biodisponibilidade é alta, principalmente devido ao fato de as formas predominantes serem a selenometionina e a selenocisteína. Em regiões de solo rico em selênio, a farinha de trigo também é uma fonte que apresenta biodisponibilidade alta. No caso de peixes, o conteúdo do  mineral geralmente é significativo, porém, a interação com metais pesados, principalmente o mercúrio, reduz a biodisponibilidade, uma vez que pode ocorrer a ligação entre ambos, formando complexos insolúveis. Nestes casos, a absorção pode ser reduzida para valores entre 20% e 50%. Por outro lado, algumas espécies de peixes apresentam biodisponibilidade elevada, como o salmão. Dados de estudos realizados com ratos demonstram que o selênio presente no leite parece ser tão biodisponível quanto o selenito. Alguns autores estudaram a biodisponibilidade desse mineral no leite bovino em indivíduos ileostomizados. A absorção fracional do mineral proveniente do leite desnatado foi de 73,3%, enquanto a do leite fermentado, 64,1%. A diferença na absorção de selênio entre os dois tipos de leite pode ser atribuída a uma possível alteração na composição de selênio durante o processo de fermentação. A absorção de outros produtos lácteos, como iogurte, queijo cremoso, coalhada, leite condensado, e sobremesas, como pudim e sorvete, pode ultrapassar os 80%. No brócolis, considerado um alimento “acumulador” de selênio, alguns autores verificaram a biodisponibilidade mais baixa e menor taxa de incorporação às selenoproteínas, em comparação com a carne. Provavelmente, essas diferenças ocorrem devido à predominância das formas metiladas do mineral nesse alimento.

Recomendações Nutricionais

           
Estágio da Vida
AI*/EARµg/dia
RDAµg/dia
ULµg/dia
Recém-nascido e crianças



0-6 meses
*15
-
45
7-12 meses
* 20
-
60
1-3 anos
17
20
90
4-8 anos
23
30
150
9-13 anos
35
40
280
Adolescentes



14-18 anos (M)
45
55
400
14-18 anos (F)
45
55
400
Adultos



19- >70 anos (M)
45
55
400
19- > 70 anos (F)
45
55
400
Gestantes



14-50 anos
49
60
400
Lactantes



14-50 anos
59
70
400
Fonte: IOM, 2000/ILSI, 2009.
AI= ingestão adequada; EAR = necessidade média estimada; RDA = ingestão dietética recomendada; UL = limite máximo tolerado de ingestão diária.

Deficiência em Selênio

            Certos grupos são mais vulneráveis à deficiência em selênio e entre eles podemos destacar:

● Indivíduos submetidos à nutrição parenteral total, sem suplementação com selênio por um período superior a 20 ou 30 dias;

● Enfermos de doenças crônicas não transmissíveis;

● Enfermos do trato gastrointestinal;

● Fumantes;

● Idosos;

● Gestantes e Lactantes;

● Crianças de 2 a 10 anos e adolescentes do sexo feminino;

● Populações que habitam áreas com solo pobre em selênio;

● Populações que habitam áreas antropogênicas ou naturalmente contaminadas por mercúrio.

            A sua carência pode levar a um baixo nível plasmático de triiodotironina (T3) e pode também causar a doença de Keshan, uma forma de miocardiopatia que afeta principalmente mulheres e crianças. Causa também a doença de Kashin-Beck, que é comum em crianças que estão entrando na adolescência. Essa doença possui um componente viral, sendo que o vírus desenvolve-se na ausência de selênio. A enfermidade inicialmente envolve inchaço e dor nas articulações dos dedos das mãos, seguidos de osteoartrite generalizada (cotovelos, joelhos e tornozelos).

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Cominetti, C; Cozzolino, SMF. Selênio. São Paulo: ILSI Brasil-International Life Sciences Institute do Brasil, 2009.

Gonzaga, IB; Martens, A; Cozzolino, SMF. Selênio. In: Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de Nutrientes. 1 ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2005.

Martins, BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.

Nenhum comentário: