quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Alimentação Saudável: dos Frutos aos Nuggets



          Comida congelada, suco de caixinha, pipoca de micro-ondas, sopa instantânea, nuggets, enlatados. Produtos alimentícios como esses ícones da vida moderna e que enchem nossos carrinhos de supermercados, não fazem jus ao caminho percorrido por nossos antepassados ao longo da história para manter a barriga cheia, o corpo nutrido e a saúde em dia.

            No início era a coleta. Há cerca de 200 mil anos, nossos ancestrais, que eram nômades, se alimentavam de frutos e raízes, consumiam carne de caça, peixe e possivelmente moluscos in natura. Como num drive-thru paleolítico, eles aproveitavam as ofertas alimentícias que encontravam pelo caminho. Ainda nesta época, nossos parentes hominídeos inventaram de assar e cozinhar os alimentos. E foram levando a vida assim, durante alguns milhares de anos. Eles andavam, caçavam, pescavam e comiam. Se não se mexessem, ou se a oferta era escassa, passavam fome.

          Muito tempo depois, há aproximadamente 10 mil anos, veio a mudança que influenciaria a alimentação, a cultura e as sociedades humanas até hoje: a agricultura. Cansados de vagar, e com a experiência de milênios acumulada, nossos ancestrais resolveram fixar residência. Passaram a viver às margens de rios e lagos, cultivando trigo, cevada, milho, arroz e cereais – estes que são a base da alimentação tradicional de diferentes povos por todo o planeta até hoje. Ao mesmo tempo, dava-se início a criação de bovinos, ovinos, caprinos e suínos. Também começaram a produzir bebidas e alimentos líquidos usando cereais, caule, grãos, vagens, brotos; além de cozidos, ensopados e condimentos.

         Na antiguidade, comida também era remédio. Nos tempos antigos, o que chegava à mesa, pelo menos das elites, já era bastante variado. As tumbas do Antigo Egito (a partir do quarto milênio a.C) mostram os alimentos consumidos pelos faraós: massas, carnes, peixes, laticínios, frutas, legumes, cereais, condimentos, especiarias e mel. Os egípcios eram também grandes conhecedores dos segredos da farmacopeia e das propriedades das ervas medicinais.

            Na Antiguidade Clássica, o longo período em que se destacaram as civilizações grega e romana, também eram conhecidos os efeitos preventivos e terapêuticos da alimentação. Os escritos de Hipócrates, grego conhecido como pai da medicina, mostravam alguns produtos alimentícios consumidos na Grécia Antiga e já faziam uma associação entre alimentos e o combate a doenças.

Mundo Novo

            Outra grande virada nesta história ocorreu por volta de 500 anos atrás, com as Grandes Navegações (séculos XV e XVI). Começava ali a primeira onda de globalização, quando os europeus saíram desbravando mares, conquistando novas terras e povos e, obviamente, diversificando o prato deles de cada dia. O que seria do molho das massas italianas, se não fosse o tomate, fruto nativo da América Central, que começou a ser cultivado pela Civilização Inca? Isso sem falar nas asiáticas laranja, banana e manga, que cruzaram mares e vieram fazer sucesso nas lavouras e mesas da América. Daqui do Brasil, o mundo hoje conhece o caju, a mandioca, a goiaba....



           O modo de produção de alimentos permaneceu praticamente o mesmo por muito tempo: o cultivo de vegetais e a criação de animais eram feitos em propriedades familiares e as farinhas eram produzidas de forma artesanal, preservando suas fibras e benefícios naturais. Mas, ainda na Idade Moderna (séculos XV ao XVIII), a agricultura, que antes era de subsistência, passou a ter fins comerciais.

            Em meados do século XIX, a história da humanidade passou por um momento de “fermentação”, com a chegada da Revolução Industrial, que ‘desandou’ com a ordem estabelecida e o que era feito de forma artesanal, passou a ser produzido com a ajuda de máquinas para acelerar a produção e abastecer uma população que não parava de crescer. O movimento atingiu todos os setores, em especial a produção de alimentos. É dessa época a criação dos alimentos enlatados (França-1810), criados para atender a necessidade militar, mas que em pouco tempo invadiu prateleiras e casas de todo o mundo.

               A partir daí, em uma velocidade sem precedentes na história da alimentação humana e com a necessidade de se produzir em grande escala para suprir populações imensas, a comida passou a ser objeto de uma verdadeira alquimia, nem sempre saudável. Hoje, uma inocente receita pode conter corantes, conservantes, antioxidantes, estabilizadores, emulsionantes, espessantes e até gelificantes. Quem quiser realmente saber o que está comendo terá que decifrar ‘ingredientes’ como E162 (corante vermelho de beterraba), E202 (conservante sorbato de potássio) ou ainda um ‘apetitoso’ E469 (emulsionante Carboximeticelulose hidrolisada enzimaticamente). Inclui-se aí também muito sal, muito açúcar, muita gordura.

            Diabetes, obesidade, hipertensão, câncer. Doenças da modernidade, que viraram epidemia em países industrializados, são hoje creditadas ao estilo de vida contemporâneo, e olha aí a alimentação de novo. Não precisamos mais plantar, caçar, pescar. O alimento está ao alcance de qualquer um que possa pagar por ele. Muita oferta de comida, pouco esforço para obtê-la. Apesar disso, há uns comensais que, em busca de uma vida mais saudável, estão se voltando para um cardápio mais natural, mais próximo ao que nossos antepassados comiam. Isso porque, em virtude de uma alimentação inadequada, carente de nutrientes e vitaminas, repleta de aditivos e conservantes; e altamente calórica, os problemas de saúde passaram a ser relacionados ao que comemos.

Diferentes Tipos de Alimentos

Alimentos in natura: essencialmente partes de plantas ou de animais. Ex: carnes, verduras, legumes e frutas.

Alimentos minimamente processados: quando submetidos a processos que não envolvam agregação de substâncias ao alimento original, como limpeza, moagem e pasteurização. Ex: arroz, feijão, lentilhas, cogumelos, frutas secas e sucos de frutas sem adição de açúcar ou outras substâncias; castanhas e nozes sem sal ou açúcar; farinhas de mandioca, de milho de tapioca ou de trigo e massas frescas.

Alimentos processados: são fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar a alimentos para torná-los duráveis e mais palatáveis e atraentes. Ex: conservas em salmoura (cenoura, pepino, ervilhas, palmito); compotas de frutas; carnes salgadas e defumadas; sardinha e atum de latinha, queijos e pães.

Alimentos ultraprocessados: são formulações industriais, em geral, com pouco ou nenhum alimento inteiro. Contém aditivos. Ex: salsichas, biscoitos, geleias, sorvetes, chocolates, molhos, misturas para bolo, “barras energéticas”, sopas, macarrão e temperos “instantâneos”, “chips”, refrigerantes, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas, pizzas, hambúrgueres e nuggets.



10 Novos Passos Para Uma Alimentação Saudável

Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;

Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias;

Limitar o consumo de alimentos processados; 

Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;  

Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;  

Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;

Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; 

Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;  

Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;  

Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. 




As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Alimentação saudável: dos frutos aos nuggets. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em 06/01/2016.

Guia Alimentar Para a População Brasileira. Ministério da Saúde, 2014.

O excesso no consumo de açúcar é prejudicial à saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em 06/01/2016.



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