sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Alimentação do Idoso



Com o passar dos anos, o corpo começa a apresentar naturalmente algumas mudanças, que muitas vezes as pessoas demoram a perceber, mas que podem interferir na sua alimentação. Alterações naturais nos mecanismos de defesa do organismo ou dificuldades no processo de mastigação e deglutição podem tornar a pessoa idosa mais suscetível a complicações decorrentes do consumo de alimentos, o que reforça a necessidade de cuidados diários para preparar refeições seguras. A alimentação da pessoa idosa segue, de maneira geral, os mesmos princípios de dieta saudável recomendada a todas as pessoas adultas. No entanto, é importante redobrar os cuidados quanto à escolha, preparo e combinação de alimentos, de maneira a garantir sua adequação e boa aceitação.

Tornar o ambiente da cozinha e o local de refeições mais adequado e agradável para conferir maior conforto, segurança e autonomia no dia-a-dia das pessoas idosas é uma medida que tem impacto positivo na autoestima, no preparo das refeições e no estabelecimento do prazer à mesa. Não se tem aqui a pretensão de esgotar esse assunto, mas de tratá-lo de uma maneira mais prática, com ênfase nas medidas associadas ao preparo e ao consumo das refeições diárias.

            Assegurar a participação da pessoa idosa no planejamento da alimentação diária e no preparo das refeições possibilita o maior envolvimento com a alimentação, adequado quanto às possíveis limitações na utilização segura de utensílios e eletrodomésticos. Assim, cria-se uma condição propícia para discutir a necessidade de eventuais mudanças nos procedimentos associados à compra, ao armazenamento, à higiene pessoal e ao preparo dos alimentos a fim de facilitar o seu dia a dia e favorecer uma alimentação segura.

Incentivar os idosos a desenvolverem habilidades culinárias e partilhá-las com as pessoas com quem convive, como filhos, netos e amigos é uma forma prazerosa de compartilhar com as gerações seguintes receitas, modos de preparo e cultura alimentar. Mesmo que não tenha condições de exercer suas habilidades culinárias, os idosos podem valorizar o ato de cozinhar e estimular que todos a sua volta pratiquem e desenvolvam suas próprias habilidades.

Quando a pessoa idosa apresentar limitações para mastigar e engolir, a forma de preparo, a consistência, a textura, o tamanho dos alimentos e a quantidade que é levada à boca devem ser adaptados ao grau de limitação apresentado. Nesses casos, moer, ralar, picar em pedaços menores podem ser alternativas viáveis para facilitar o planejamento das refeições e o consumo, evitando a recusa da refeição e complicações como engasgo, aspiração ou asfixia durante a ingestão dos alimentos.

É importante também estabelecer rotinas saudáveis de vida, mesmo nas idades mais avançadas, para poder manter o corpo e a mente em equilíbrio.

Atualmente, as recomendações sobre alimentação saudável constam na nova Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa:

DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DA PESSOA IDOSA

1º passo. Faça três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite de mais, faça outras refeições nos intervalos.
Procure fazer as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) em horários semelhantes todos os dias. Nos intervalos entre essas refeições, prefira realizar pequenas refeições saudáveis com alimentos frescos. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, procurando comer em locais limpos e onde você se sinta confortável, evitando ambientes ruidosos ou estressantes.

2º passo. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. Inclua nas principais refeições alimentos como arroz, milho, batata, mandioca/macaxeira/aipim. Esses alimentos são as mais importantes fontes de energia e, por isso, devem ser os principais componentes das principais refeições, devendo-se dar preferência às suas formas integrais. As atividades de planejar as compras de alimentos, organizar a despensa doméstica e definir com antecedência o cardápio da semana podem contribuir para a sua satisfação com a alimentação. Em supermercados e outros estabelecimentos, utilize uma lista de compras, para não comprar mais do que o necessário.

3º passo. Inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia. Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras. Por tal razão, eles devem estar presentes diariamente na sua alimentação. O consumo desses alimentos contribui para diminuir o risco de várias doenças e ajuda a evitar a constipação (prisão de ventre). Feiras livres, “sacolões” ou “varejões” são boas opções para a compra de alimentos frescos da safra (época) e com menor custo.

4º passo. Coma feijão com arroz, de preferência no almoço ou no jantar.
Esse prato brasileiro é uma combinação completa e nutritiva e é a base de uma alimentação saudável. Varie os tipos de feijões usados (preto, manteiga, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e use também outros tipos de leguminosas (como soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha ou fava). Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las com familiares e amigos. Se você não tem tais habilidades, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet e descubra o prazer de preparar o seu próprio alimento. Para evitar o desperdício, cozinhe pequenas porções e congele o alimento sempre que isso for possível, para a sua utilização em dias posteriores. 



5º passo. Lembre-se de incluir carnes, aves, peixes, ovos, leite e derivados em pelo menos uma refeição durante o dia. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis.
Os leites e derivados são ricos em cálcio, que ajuda no fortalecimento dos ossos. Já as carnes, as aves, os peixes e os ovos são ricos em proteínas e minerais. Quanto mais variada e colorida for a sua alimentação, mais equilibrada e saborosa ela será.

6º passo. Use pouca quantidade de óleos, gorduras, açúcar e sal no preparo dos alimentos. Esses ingredientes culinários devem ser usados com moderação para temperar alimentos e para criar preparações culinárias. Procure evitar o açúcar e o sal em excesso, substituindo-os por temperos naturais (como cheiro verde, alho, cebola, manjericão, orégano, coentro, alecrim, entre outros) e optando por receitas que não levem açúcar na sua preparação.

7º passo. Beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos das refeições. A quantidade de água que precisamos ingerir por dia é muito variável e depende de vários fatores, incluindo a idade e o peso da pessoa, a atividade física que ela realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde ela vive. É importante estar atento ao consumo diário de água para evitar casos de desidratação, principalmente em dias muito quentes. Vale lembrar de que bebidas açucaradas (como refrigerantes e sucos industrializados) não devem substituir a água. Uma dica é aromatizar a água com hortelã ou frutas, como rodelas e cascas de laranja ou limão.

8º passo. Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos e chás industrializados), bolos e biscoitos recheados, doces e outras guloseimas como regra da alimentação. Produtos ultraprocessados (como biscoitos recheados, guloseimas, ‘salgadinhos’, refrigerantes, sucos industrializados, sopa e macarrão ‘instantâneos’, ‘tempero pronto’, embutidos, produtos prontos para aquecer) devem ser evitados ou consumidos apenas ocasionalmente. Embora convenientes e de sabor pronunciado, esses e outros produtos ultraprocessados tendem a ser nutricionalmente desequilibrados e, em sua maioria, contêm quantidades elevadas de açúcar, gordura e sal.

9º passo. Fique atento(a) às informações nutricionais dos rótulos dos produtos processados e ultraprocessados para favorecer a escolha de produtos alimentícios mais saudáveis. Os rótulos dos produtos processados e ultraprocessados (como biscoitos, pães de forma, iogurtes, barras de cereais, entre outros) são uma forma de comunicação entre esses produtos e os consumidores e contêm informações importantes sobre a sua composição. Mais formas de esclarecimento podem surgir no diálogo com outras pessoas no local de compra ou por meio do serviço de atendimento ao consumidor (SAC) ou, até mesmo, em uma consulta com um profissional de saúde. Fique atento(a) para informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais, pois geralmente as propagandas buscam aumentar a venda dos produtos, mas não informar.

10º passo. Sempre que possível, coma acompanhado(a) de alguém.
A companhia de familiares, amigos ou vizinhos na hora das refeições colabora para o comer com regularidade e atenção, proporciona mais prazer com a alimentação e favorece o apetite. Escolha uma ou mais refeições na semana para desfrutar da alimentação na companhia de alguém, mantendo o convívio social com as pessoas próximas.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Especial Saúde da Pessoa Idosa: Alimentação. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em: 27/07/2016.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Reprograme seu Cérebro



O condicionamento das nossas preferências por certos alimentos começa desde a infância e acredita-se que estas se fixam na vida adulta, tornando dificultoso o processo de mudança durante esta fase. Entretanto, estudo sugere que podemos mudar nossas preferências alimentares sem fazer restrições e mantendo o prazer de comer.

Publicado em 2014 pela revista Nutrition & Diabetes, os autores observaram que é possível mudar o sistema de recompensa no cérebro e as preferências por alimentos, através de uma intervenção que combinou mudança de padrão alimentar e mudança comportamental.
Para compreender o estudo vamos entender melhor sobre o sistema de recompensa cerebral mediado por alimentos!

O sistema de recompensa dopaminérgico mesolímbico funciona como um centro de recompensa onde vários mensageiros químicos, incluindo a serotonina, encefalina, ácido-aminobutírico (GABA), dopamina (DA), a acetilcolina (ACH), entre outros, atuam em conjunto para proporcionar uma liberação de dopamina (“hormônio do prazer”) no chamado núcleo accumbens o qual abrange principalmente a área tegmental ventral (ATV) e os neurônios dopaminérgicos - núcleo estriado dorsal. Este circuito está implicado no prazer desencadeado por recompensas naturais, como os alimentos, o sexo e o relaxamento e constitui a base neural para os fenômenos relacionados ao vício e dependência química.

A recompensa alimentar neural consiste num processo composto por 3 principais componentes: componente hedônico ou resposta hedônica, componente de motivação ou incentivo e aprendizagem que permite fazer associações e predições, fenômenos que podem ser aplicados tanto a recompensas naturais como a recompensas  artificiais causada por substâncias químicas, como a própria nicotina.

O componente hedônico (liking) é o estado motivacional que se reflete, por exemplo, na antecipação do prazer obtido através da ingestão de alimentos de elevada palatabilidade, como gorduras e açúcares, os quais estão associados à liberação de dopamina.

O componente motivacional (wanting) normalmente gerado por estímulos de recompensa (por ex. visuais ou olfativos) induz a procura de alimentos traduzindo-se em aumento do apetite, craving (significa compulsão, fissura), e em outros comportamentos associados a uma motivação aumentada para obter alimentos.

Ambos estão associados à aprendizagem, realizando associações dos alimentos com mecanismos de recompensa e predições de prazer ao consumir certos alimentos.

Estudos recentes mostram que a ingestão alimentar induzida pelo estresse está relacionada com um aumento do wanting pós-prandial e também com uma diminuição do liking após as refeições. As pontuações de liking pós-prandiais são mais baixas em obesos do que em indivíduos eutróficos em situações de estresse. O que sugere uma dificuldade na obtenção de prazer nestes indivíduos que por sua vez leva a uma procura excessiva pela recompensa, o que pode resultar num aumento do consumo alimentar e peso corporal.

Na obesidade parece existir uma menor capacidade de sinalização da dopamina. Os indivíduos obesos apresentam uma disponibilidade do receptor da mesma (D2R)  inferior à de indivíduos eutróficos em resposta à ingestão de alimentos de elevada palatabilidade. Simultaneamente, os obesos apresentam maior ativação dopaminérgica em resposta a imagens de alimentos. Estes dados sugerem que na obesidade há uma dificuldade na obtenção da recompensa através da ingestão (resposta hedônica - prazer) e uma maior sensibilidade aos estímulos sensoriais de alimentos (componente motivacional).

Existem também evidências de que a ingestão de alimentos de elevada palatabilidade reduzem a sinalização da dopamina. Em ratos, a ingestão frequente de alimentos ricos em açúcar e gordura leva a uma diminuição dos D2R, bem como diminuição da sensibilidade à recompensa. Estes resultados foram confirmados em humanos, num estudo de ressonância magnética funcional de imagem (RMFi): as mulheres que tinham aumentado de peso nos últimos 6 meses mostraram uma redução na resposta dopaminérgica, em resposta à ingestão de alimentos de elevada palatabilidade.

Com estes resultados, Wang et al. propuseram a teoria da hipofunção dopaminérgica, a qual sugere que a hiperfagia resulta de uma adaptação do cérebro dos indivíduos obesos para compensar a diminuição da função dopaminérgica. Se uma atividade e disponibilidade dopaminérgica diminuída promove a ingestão alimentar, então o aumento da dopamina cerebral deveria produzir o efeito contrário, ou seja, inibir a ingestão. Portanto, o menor consumo de alimentos gordurosos e açucarados pode melhorar a sensibilidade à dopamina reduzindo a ingestão alimentar.

Neste contexto, o estudo de Roberts e sua equipe, com 13 homens e mulheres apresentando sobrepeso e obesidade, os quais foram submetidos a seis meses de intervenção em um programa de emagrecimento criado pela autora, chamado The iDiet, cujo objetivo foi ajudar os participantes a alcançar uma perda de peso (linkar com o curso de emagrecimento) sustentável de 0,5-1,0 kg por semana participando de um programa comportamental em grupo projetado para facilitar a adesão às recomendações a fim de reduzir o consumo de energia em -500 a -1000 kcal calorias por dia. Sendo prescrito cerca de 25% de energia proveniente de proteínas e gorduras, e 50% dos carboidratos de baixo e médio índice glicêmico e 40g ou mais de fibra dietética por dia.

Para isso eles utilizaram de estratégias educacionais e de coaching para facilitar a sustentabilidade de reduzir o consumo energético por meio da redução da fome, utilizando alimentos e ingredientes capazes de aumentar a saciedade, e desvalorização das associações existentes entre o consumo de alimentos não saudáveis e recompensa e reforçando em paralelo com as associações entre o consumo de alimentos saudáveis e recompensa.

Foi realizada ressonância magnética dos cérebros dos participantes antes e depois da intervenção a fim de identificar a atividade do núcleo estriado dorsal. Durante o exame os sujeitos visualizaram 40 imagens de comidas saudáveis e 40 não saudáveis e também 40 imagens de objetos similares de alguma forma a cada um destes alimentos, os participantes classificaram as fotos usando uma caixa de botão com uma escala de 1-4, onde 1 ‘não desejável 'e 4 era ‘extremamente desejável’ cada apresentação de fotos durou 5 segundos e foi repetido 20 vezes.

O grupo de intervenção obteve, após os 6 meses, mudanças positivas no seu sistema neurológico de recompensa, portanto, eles já não tinham mais tanto desejo por itens calóricos, ocorrendo o contrário, esta área cerebral se tornou sensível a alimentos de baixas calorias, tornando mais prazeroso o consumo de alimentos saudáveis. Além disso, eles reduziram 6 kg de peso corporal. 

Os autores concluíram que vários pontos da intervenção foram importantes, incluindo a reeducação alimentar, mudança de comportamento e incentivo a escolha por preparações e alimentos menos calóricos e ricos em fibras. Mostrando que é possível treinar o cérebro a transformar a relação com os alimentos adquirindo hábitos saudáveis sem restringir ou cortar alimentos e sem abrir mão do prazer de comer.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.



Referências Bibliográficas:

Pujol, APP. Reprograme seu Cérebro. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado em: 08/09/2016.

Deckersbach, T.; Das, S.K.; Urban, L.E.; Salinardi, T.; Batra, P.; Rodman, A.M.; Arulpragasam, A.R.; Dougherty, D.D.; Roberts, S.B. Pilot randomized trial demonstrating reversal of obesity-related abnormalities in reward system responsivity to food cues with a behavioral intervention. Nutr. Diabetes. 2014. Disponível em:  http://www.nature.com/nutd/journal/v4/n9/pdf/nutd201426a.pdf

Ribeiro, G.; Santos, O. Recompensa alimentar: mecanismos envolvidos e implicações para a obesidade. Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, v.8, n.2, 2013. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1646343913000400.

Wang, G.J. et al. Brain dopamine and obesity. Lancet., v.357, n.9253, p.354–7. 2001.

domingo, 25 de setembro de 2016

Estrias e Flacidez



Viver com saúde e boa forma é uma das preocupações que perpassa todos os segmentos da sociedade, principalmente o do público feminino.

As demarcações de um corpo bonito traduzem insígnias de uma nova ordem que se instaurou e que ganha destaque neste início de século: corpos fortes, torneados, magros e perfeitos. A sociedade de consumo atual não os exime das exigências quanto ao padrão de beleza que impõe, desconsiderando as inúmeras desigualdades e diversidades existentes.

Ao longo dos anos a alimentação no mundo ocidental tem se modificado drasticamente, passando, basicamente de uma dieta baseada em alimentos frescos e vegetais para uma dieta farta em alimentos processados, refinados e de origem animal.

É fato que grande parte das desordens é de caráter nutricional, e há aquelas que acabam aparecendo na estética do indivíduo. Buscando citar algumas dessas desordens estéticas, destacam-se a flacidez e a estria. Tais desordens se devem ao envolvimento de causas endógenas como deficiências dietéticas, principalmente de vitaminas e ácidos graxos essenciais.

O que são estrias?

As estrias são alterações cutâneas indesejáveis, definidas como cicatrizes lineares visíveis que se dispõem paralelamente umas as outras, podendo ser raras ou numerosas e indicam uma lesão na pele, pois ocorre um desequilíbrio elástico localizado. Há evidências que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e endocrinológicos, mas também predisposição genética e familiar. As estrias podem ser encontradas em ambos os sexos, mas com predominância no sexo feminino a partir da adolescência. Nas meninas, a maior incidência ocorre dos 12 aos 14 anos, e nos meninos entre os 12 e 15 anos. A mulher saudável apresenta 2,5 vezes mais chances de desenvolver estrias que o homem nas mesmas condições.

O que é flacidez?

A flacidez é um processo lento e progressivo que faz com que as fibras de sustentação da pele, o colágeno e a elastina, enfraqueçam com o passar do tempo, principalmente por causa do envelhecimento natural do organismo. Além deste fator, a genética influencia consideravelmente no aparecimento da flacidez. Ela pode ser dividida em 2 tipos: a muscular, que é profunda, e a dérmica que é superficial. Podem ocorrer isoladamente ou associadas.

Alimentação

A alimentação deve ser elaborada com alimentos ricos em proteínas e vitamina C, pois a vitamina C pode auxiliar na síntese do colágeno. É importante diminuir o consumo de gordura, pois proporcionam a quebra de colágeno e a atividade física impede a evolução da flacidez muscular. Abaixo são listados nutrientes importantes para prevenção de flacidez e estrias.

Proteína: é necessário um adequado aporte proteico, pois é a base para a construção dos músculos e do colágeno;

Vitamina C: envolvido na hidroxilação da prolina e lisina para a biossíntese do colágeno;

Silício: importante na renovação do tecido conjuntivo, reestruturando as fibras de sustentação da pele (colágeno e elastina). Sua reposição é essencial para regeneração dos tecidos danificados A principal fonte é a aveia seguida da cevada, salsa, nabo e avelã. A recomendação diária de Silício é de 15 a 20 miligramas por dia;

Colágeno: os principais aminoácidos precursores de colágeno são glicina, prolina, alanina, entre outros;

Alguns aminoácidos promovem a produção endógena como a arginina, encontrada nas nozes e castanhas em grande quantidade. Alguns estudos têm mostrado que a síntese de colágeno é otimizada na administração combinada de arginina e glicina que promovem uma adequada síntese de colágeno.

A suplementação do colágeno hidrolisado, também é uma forma de repor e garantir a produção desta substância no organismo. Não existem alimentos fontes de colágeno e sim fontes dos aminoácidos e vitaminas que promovem uma otimização da síntese de colágeno. Portanto, seria ideal uma dieta rica em proteína magra para estimular a produção de colágeno: atum, salmão, ovo, peito de peru ou frango, queijo cottage, iogurte desnatado.

Uma adequada hidratação oral previne a flacidez no sentido de prevenir o ressecamento da pele. Outro ponto importante de ressaltar é que o excesso de raios ultravioleta A e B estimula os radicais livres e prejudica a renovação do colágeno, portanto, também é papel da nutricionista, como de todo profissional da saúde, alertar sobre os danos causados pela exposição excessiva ao sol.

O que devo fazer?

Para prevenir e tratar a flacidez da pele e importante fornecer a energia necessária para preservação da massa magra e ter um consumo adequado de proteínas e vitamina C. Esta e encontrada em todas as frutas e verduras cruas, salientando como ótimas fontes a goiaba e a acerola. Pode se adicionar na alimentação a gelatina sem sabor (fonte de lisina e prolina para o pool de aminoácidos) preparada com suco natural, que fornecera parte dos nutrientes necessários à síntese de colágeno sem a presença de corantes e edulcorantes artificiais, que são substancias que desgastam nutrientes do organismo.

A base de um adequado cardápio estético deve ser de baixo índice glicêmico, para poder tratar ou prevenir o aparecimento de estrias e/ou flacidez:

Frutas vermelhas: ricas em antioxidantes. Exemplo: mirtilo, morango, framboesa;

Cereais e leguminosas: principalmente os que contêm grande quantidade de fibras e proteínas. Exemplo: feijão, lentilha, arroz integral;

● Crucíferas: preferir o cozimento no vapor e não na água. Exemplos: brócolis, repolho, couve e couve-flor;

Ervas e condimentos: deve dar preferência ao alecrim, salsa, orégano ricos em antioxidantes e diuréticos;

Quinua: um dos alimentos mais completos que existem. Possui níveis altíssimos de proteínas e carboidratos complexos, além de ferro e vitamina B;

Soja: grande fonte de proteínas e rica em isoflavonas, substância com ação semelhante ao estrogênio no corpo, reduzindo o risco de problemas ligados à menopausa.

Dicas importantes para sua vida

Estrias: uso alimentos hidratantes; minerais e proteínas.

Flacidez: melhor aproveitamento do uso de proteínas de alto e baixo valor biológico; uso de alimentos com vitamina C para estimular o colágeno.

– Procurar não tomar refrigerante e sucos diet, pois desidratam o organismo;

– Beber dois litros de água sem gás durante o dia ou sucos naturais;

– Evitar o uso de adoçantes artificiais. Se diabético (a), usar estévia ou sucralose;

– Chás recomendados: verde e alecrim;

– Ervas (tempero-verde, coentro, manjericão, etc.);

– Especiarias (curry, cominho, cravo, gengibre, etc.);

– Refogar carnes e verduras com requeijão light;

– Usar vinagre, suco de limão, uma colher de chá de azeite de oliva e uma colher de sopa de gergelim para temperar saladas;

– Ovos quentes ou cozidos até 3x/semana.

Sempre tenho que ter...

Um programa elaborado com alimentos ricos em proteínas e vitamina C, ajudando na síntese do colágeno, o que vai refletir numa pele mais firme e saudável.

Mesmo com estudos comprovados a respeito do valor dos alimentos no tratamento da estética corporal, não devemos usá-los isoladamente. O programa alimentar, com alimentos estético-funcionais deve ser uma terapia coadjuvante, juntamente com o tratamento estético corporal específico.

Alimentação correta, juntamente com exercícios físicos, é a base para qualquer tipo de tratamento ou prevenção para a flacidez  e/ ou estrias.

Texto elaborado pela nutricionista: Dra. Juliana da Silveira Gonçalves.
Mestre e doutoranda em Ciências da Saúde – Instituto de Cardiologia, RS.
Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBAN).
Especialista em Nutrição Clínica – CBES, RJ.
Fitoterapia – Universidade de Léon, Espanha.
Docente convidada em cursos pós-graduação e aperfeiçoamento/ extensão em diferentes instituições de ensino no Brasil.
Autora do Manual de Atendimento em Nutrição Estética 2ª ed.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

  1. Witt JSGZ, Schneider AP. Nutrição Estética: valorização do corpo e da beleza através do cuidado nutricional. Ciên & Saúde Coletiva 2011; 16 (9): 3909-3916. 
  1. Pujol AN. Nutrição aplicada à estética. Rio de Janeiro: Editora Rúbio, 2011.
  2. Gonçalves JS, Viana AC, Lana D. Desordens estéticas e carências de nutrientes: uma revisão. Nutrição em Pauta 2012; 20 (116): 29-33.
  3. Ribeiro CJ. Cosmetologia aplicada a Dermoestética. São Paulo: Pharmabooks, 2006.
  4. Guirro ECO, Guirro RRJ. Fisioterapia Dermato-Funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3ªed.  Barueri: Manole, 2002
  5. Bello GB, Witt JSGZ. Manual de atendimento em nutrição estética. 2ª ed. Editora: IPGS, 2011.
  6. Schneider AP. Nutrição estética. São Paulo: Atheneu, 2009.